Seja respiratória ou cutânea, com cuidados simples e orientações práticas, é possível conviver com alergias sem renunciar à qualidade de vida
Receber um diagnóstico de alergia — seja respiratória, alimentar ou cutânea — costuma ser um choque inicial. Muitas pessoas associam essa descoberta a uma rotina cheia de restrições e desconfortos. No entanto, com conhecimento adequado e medidas simples de controle, é possível viver bem. “O diagnóstico é o primeiro passo, não o fim do caminho. Hoje temos ferramentas eficazes para minimizar os sintomas e preservar a qualidade de vida”, afirma Julinha Lazaretti, bióloga e cofundadora da Alergoshop, rede referência no desenvolvimento de produtos hipoalergênicos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 35% da população global já convive com doenças alérgicas respiratórias. A projeção é de que, até 2050, metade da população mundial tenha algum tipo de alergia. Esse panorama reforça a importância de estratégias acessíveis e realistas para manter a saúde e a rotina em equilíbrio.
Abaixo, confira algumas medidas indicadas pela especialista que, independentemente do diagnóstico, garantem uma rotina livre de sintomas.
Utilize cosméticos hipoalergênicos
A pele sensibilizada exige cuidados redobrados – produtos hipoalergênicos formulados com ativos como alantoína, pantenol, elastina, queratina lipossolúvel e vitamina E ajudam a fortalecer a barreira cutânea e reduzir a irritação. “Evitar ingredientes com alto potencial sensibilizante faz toda a diferença para quem tem dermatite ou sensibilidade. É uma mudança que impacta diretamente no conforto diário da pele”, destaca Julinha.
Além da composição cuidadosa, é essencial buscar cosméticos testados dermatologicamente e livres de substâncias comumente relacionadas a quadros alérgicos, como parabenos, formaldeído, tolueno e ftalatos.
Tenha um desinfetante com ação acaricida à mão
Ambientes fechados acumulam ácaros, fungos e bactérias — elementos que agravam sintomas respiratórios como rinite, bronquite e asma. O uso regular de desinfetantes com eficácia comprovada contra ácaros ajuda a manter esses micro-organismos sob controle.
Julinha reforça que não basta limpar: é preciso tratar os tecidos e superfícies com produtos específicos, que consigam atingir profundamente as áreas onde os ácaros se instalam. Segundo ela, aplicar soluções seguras em sofás, cortinas, roupas de cama, tapetes e pelúcias cria uma barreira real contra agentes desencadeadores de crises.
Substitua produtos de limpeza tradicionais por versões hipoalergênicas
Limpar a casa se torna um desafio quando os produtos utilizados desencadeiam reações alérgicas. Substituir detergentes e multiusos convencionais por versões hipoalergênicas e com pH neutro é uma medida prática que protege as vias respiratórias e a pele.
Em suas orientações, Julinha explica que o uso de ingredientes naturais e a ausência de substâncias agressivas tornam o processo de higienização mais seguro para toda a família, especialmente para quem tem histórico de sensibilidade ou contato frequente com os produtos.
Capas de proteção antiácaro para travesseiros e colchões são bem-vindas
Travesseiros e colchões acumulam milhões de ácaros e seus resíduos, mesmo com limpeza regular. O uso contínuo de capas impermeáveis à passagem desses agentes reduz significativamente o contato e, consequentemente, os sintomas respiratórios.
“A barreira física criada pelas capas antiácaro é uma das medidas mais eficazes para quem convive com rinite e asma. O alívio vem logo nas primeiras semanas de uso, principalmente durante o sono”, afirma Lazaretti.
Mantenha o acompanhamento médico em dia
O controle da alergia exige constância e orientação profissional. Consultas regulares com alergistas permitem acompanhar a evolução do quadro, revisar condutas e adaptar estratégias conforme as necessidades individuais.
Para Julinha, o acompanhamento não deve ser visto como uma formalidade, mas como parte ativa do processo de bem-estar. “Estar bem-informado sobre o próprio organismo e agir preventivamente são atitudes que mudam a experiência de quem vive com alergias”, resume.